Luneta do Tecedor da Noite

"Quando a Lua Eterna cair, o mundo se inverterá."
"Quando a Lua Iridescente se despedaçar, a sombra vermelha mergulhará no mar abissal."
"Quando a Lua Gelada parar de se mover, as nações perecerão."
"Um mundo que já não é vigiado pela Eternidade aproxima-se do seu fim."
"Até que a alvorada do paraíso chegue e comece a girar a roda primordial."

Seguindo uma antiga profecia, os descendentes da Cidade Dourada ergueram um templo solitário na tundra desolada.
Por milênios, o luar escorreu silenciosamente pela floresta gelada. Os descendentes do norte ainda mantêm seus rituais ancestrais,
forjando coroas cerimoniais pálidas a partir de prata secreta e escolhendo os mais puros sumos sacerdotes para guiar seu povo.
Assim como nos tempos antigos, continuam suas preces e cânticos, embora seus deuses há muito tenham partido e o céu já não responda.

Um forasteiro poderia considerar essas práticas como atos de tolos agarrados aos velhos costumes.
Ainda assim, essas preces e sacrifícios, transmitidos por milênios, constituem o único vínculo sagrado para um povo que perdeu sua pátria.
A roda giratória do destino enferrujou, e o fio de prata perdeu seu brilho. Confiar apenas em visões proféticas não trará a verdadeira esperança para todos.
"Quem adoraria um deus morto, ou suportaria um sofrimento tão sem esperança por um sonho vazio?"
Assim como as eras retornam em ciclos, os ignorantes continuam a ansiar por uma orientação tangível.
É por isso que esses rituais se tornaram seu grande isolamento, uma alta muralha que os mantêm invisíveis e desconhecidos para o mundo além.

Assim tem sido por milhares de anos, e assim permanecerá por milhares mais.
E assim permanecerá, até que a linhagem pura, refinada ao longo de gerações, produza o herdeiro sagrado que fará o mundo se ajoelhar. E quando isso acontecer...
Todas as mentiras e pecados serão perdoados, até mesmo louvados, pois todos servem ao paraíso puro sob a lua.

O que se segue é a jornada sagrada dos Filhos da Lua Gelada, que finalmente deixaram de afastar forasteiros.
A primeira Emissária da Canção Lunar, uma santa agraciada pelo divino e aquela que testemunhou o nascimento de uma deusa, foi um dia a mortal Aila.
Segundo as histórias transmitidas pelas gerações posteriores, ela previu o nascimento da nova lua e, movida pela revelação divina, escolheu abandonar os antigos rituais.
"Eles são o Escolhido: abençoado desde o nascimento, uma alma intocada pelas inúmeras corrupções do mundo."
"Ela viu que a roda giratória estava silenciosa e o fio de prata, repleto de desespero, pois milênios de louvores haviam se tornado nada mais que um eco vazio."
"A glória que se apagava nunca teve piedade das terras fronteiriças desoladas. Agora, apenas a nova lua, no limiar de seu nascimento, guarda a promessa da verdadeira esperança."
"A devoção de Aila lhe rendeu a admiração até mesmo da última Suma-Sacerdotisa do Extremo Norte, que lhe abriu o coração sem hesitar."
"De todo o meu coração, confio a ela a autoridade para liderar nosso povo. Também lhe concedo a honra de selar o antigo santuário com suas próprias mãos."
"Vamos enterrar a antiga glória e lançar fora os títulos vazios e o passado sem sentido, enquanto aguardamos o nascimento do novo deus."
A Suma-Sacerdotisa da Hiperbórea deixou de existir a partir daquele momento. Apenas a Emissária da Canção Lunar permaneceu de pé à luz do puro esplendor.

...

Incontáveis luas nasceram e se puseram. Aqueles que sonhavam com o paraíso encontraram apenas a sombra do machado, enquanto os que ansiavam por salvação foram levados pela luz fluente.
O monge insano que tentou alcançar os céus foi consumido por sua visão, e o antigo senhor do trono na Estrela Pálida desapareceu, enquanto o Imperador Branco também caiu nas ondas negras revoltas.
Por fim, até os rouxinóis silenciaram. Incontáveis nomes desapareceram do mundo mortal, tornando-se ecos que os vivos foram deixados para lembrar, julgar e esquecer.
Como prometido ao Forjador da Tocha, a donzela da lua nova teceu a canção de oração e a depositou para descansar junto ao santuário.
E ali ela permanece até que a Noite Branca apague as últimas testemunhas da aquela era. Apenas a luz da lua permanece, fluindo silenciosamente como há mil anos.

"Quando a Lua Eterna fall, o mundo se inverterá."
"Quando a Lua Iridescente se despedaçar, a sombra vermelha mergulhará no mar abissal."
"Quando a Lua Gelada parar de se mover, as nações perecerão."
"Um mundo que já não é vigiado pela Eternidade aproxima-se do seu fim."
"Até que a Lua Nova se erga para girar a roda giratória do destino."
"Aqueles que seguem as marés ainda entoam suas canções e oferecem suas orações."
"Pois a lua nova retornará, exatamente como previram os antigos."