Arcana Original

"Sou eu, a magnífica mágica — Parsifal 'a incrível'!"
"Vocês testemunharão um mundo fantástico nunca imaginado!"
"Por exemplo, esse chapéu leva até o lendário Paraíso do Leste!"
"Ou, um perigo de dentro do espelho, irrestrito pelas nossas leis de espaço e tempo!"

O que é chamado de mágica é bem parecido com fraude e roubo.
O primeiro depende de atuação e criar uma narrativa, enquanto o segundo depende puramente de técnica.

"Na apresentação do Mestre Coppelius, havia um ladrão misterioso que era um mestre em aparecer e desaparecer, não é mesmo?"
"Vamos usar isso para o nosso nome artístico! O que você acha?"
A jovem animada sentada em uma barraca de lanches perto do Fleuve Cendre falou sem hesitação.
"Parsifal? E quanto a mim? Eu vou ser a bela jovem safira que você roubou?"
Respondeu a jovem parceira. Risadas iluminaram a cidade subterrânea que nunca havia visto a luz do sol.

E assim, as duas irmãs ladras que cresceram enganando e roubando sem um palco
ficaram encantadas com as histórias engraçadas de cavaleiros errantes e esqueceram seu propósito original de ter entrado no teatro.
A ideia de depender de suas habilidades e técnicas para subir ao palco, sob as luzes brilhantes, começou a florescer.
Elas queriam usar suas atuações brilhantes para iluminar tanto os sonhos daqueles forçados a ficarem de pé quanto daqueles que estavam sentados nos camarotes VIP.
Uma delas interpretaria "Parsifal", e a outra, sua assistente, Josephine.
A primeira apresentação delas foi na taverna do Eduardo, ao lado dos esgotos, e em frente aos estandes de comida.
Começaram apresentando-se em frente aos olhares das crianças que brilhavam radiantemente por baixo de seus rostos sujos de cinzas e óleo e em meio aos aplausos dos moradores,
e por fim chegaram aos holofotes brilhantes do glorioso teatro, tão brilhante e quente quanto o sol.
"Penas em borboletas", "Paraíso", "Fogo no Espelho", "O Peixe Dourado"...
Seus espetáculos maravilhosos iluminavam tanto os luxuosos camarotes VIP quanto as pessoas de pé,
e o nome de Parsifal se tornou o assunto tanto da cidade subterrânea, quanto da superfície.

Aqueles vestidos de roxo possuem sua própria posição e aqueles diante do palco não são diferentes:
Sejam os camarotes requintados com vista para o palco ou seja o piso lotado, onde só há espaço para ficar de pé.
Mesmo assim, embora no teatro a luz da apresentação brilhe igualmente sobre todos que a veem, do lado de dora,
a raiva e a indignação, brevemente esquecidas, se infiltram, como raízes de árvores penetrando em uma parede de pedra.

Durante as operações do Fleuve Cendre, essa parede de pedra finalmente desabou.
A garota que sempre fez o papel de Josephine retornou para o Fleuve Cendre.
Além do cheiro sempre presente de ferro e podridão,
existia apenas o cheiro da raiva, mágoa e sangue que ainda não havia secado.

Todas as pessoas conheciam Parsifal, mas uma assistente é apenas uma assistente.
Se todas as coisas fossem realmente assim, seria simples e fácil.
Assim como a assistente no palco é dividida em dois pela espada sem se machucar
e o relógio de bolso desaparecido sempre retorna para o bolso do espectador sem ser notado,
aquela garota acabou perdendo sua "posição" na vida.
E foi por isso que ela criou um "grande truque de mágica" que pertencia a elas.

"Sou eu, a magnífica mágica — Parsifal 'a incrível'!"
"Vocês testemunharão um mundo fantástico nunca imaginado!"
"Sem aristocratas, sem reis, sem espadas apontadas contra você!"
"Um mundo em que ninguém nasce rico e que todos podem escapar da pobreza!"